domingo, 21 de novembro de 2010

Grupo 3: Poliane , Matheus Klock , Thalita, Arielly , Yasmim E Ingrid

CORA CORALINA

Cora Coralina, pseudônimo de Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas, (Cidade de Goiás, 20 de agosto de 1889 — Goiânia, 10 de abril de 1985) foi uma poetisa e contista brasileira. Cora Coralina, uma das principais escritoras brasileiras, publicou seu primeiro livro aos 76 anos de idade.

Mulher simples, doceira de profissão, tendo vivido longe dos grandes centros urbanos, alheia a modismos literários, produziu uma obra poética rica em motivos do cotidiano do interior brasileiro, em particular dos becos e ruas históricas de Goiás.

É avó das jornalistas Ana Maria Tahan e Célia Bretas Tahan

Filha de Francisco de Paula Lins dos Guimarães Peixoto, desembargador nomeado por D. Pedro II, e de Jacinta Luísa do Couto Brandão, Ana nasceu e foi criada às margens do rio Vermelho, em casa comprada por sua família no século XIX, quando seu avô ainda era uma criança. Estima-se que essa casa foi construída em meados do século XVIII, tendo sido uma das primeiras edificações da antiga Vila Boa de Goiás. Começou a escrever os seus primeiros textos aos quatorze anos de idade, publicando-os nos jornais locais apesar da pouca escolaridade, uma vez que cursou somente as primeiras quatro séries, com Mestra Silvina. Publicou nessa fase o seu primeiro conto, Tragédia na Roça. Casou-se em 1910 com o advogado Cantídio Tolentino Bretas, com quem se mudou, no ano seguinte, para o interior de São Paulo. Viveria no estado de São Paulo por quarenta e cinco anos, inicialmente nos municípios de Avaré e Jaboticabal, e depois em São Paulo, para onde se mudaria em 1924. Ao chegar à capital, teve que permanecer algumas semanas trancada num hotel em frente à Estação da Luz, uma vez que os revolucionários de 1924 haviam parado a cidade. Em 1930, presenciou a chegada de Getúlio Vargas à esquina da rua Direita com a praça do Patriarca. Um de seus filhos participou da Revolução Constitucionalista de 1932. Com a morte do marido, passou a vender livros. Posteriormente mudou-se para Penápolis, no interior do estado, onde passou a produzir e vender linguiça caseira e banha de porco. Mudou-se em seguida para Andradina, até que, em 1956, retornou para Goiás. Ao completar cinquenta anos de idade, a poetisa relata ter passado por uma profunda transformação interior, a qual definiria mais tarde como "a perda do medo". Nesta fase, deixou de atender pelo nome de batismo e assumiu o pseudônimo que escolhera para si muitos anos atrás. Durante esses anos, Cora não deixou de escrever poemas relacionados com a sua história pessoal, com a cidade em que nascera e com ambiente em que fora criada. Ela chegou ainda a gravar um LP declamando algumas de suas poesias. Lançado pela gravadora Paulinas Comep, o disco ainda pode ser encontrado hoje em formato CD. Cora Coralina morreu em Goiânia. A sua casa na Cidade de Goiás foi transformada num museu em homenagem à sua história de vida e produção literária.


Araxá abriga história de Dona Beija

Nacional • Notícias • 8 de dezembro de 2008 por Silvana Losekann
Fontes termais e museu relembram a cortesã que se tornou poderosa.
Filha de um cometa — assim eram chamados os caixeiros-viajantes — a menina Ana Jacintha de São José chegou a Araxá com os avós em 1805. À medida que se tornava moça, a beleza de Ana ia causando inveja nas outras mulheres. Durante toda a vida, Dona Beija, como ficou conhecida, irritou as mulheres e encantou os homens.
Ela tornou-se personagem histórica no Triângulo Mineiro. Suas peças podem ser vistas num museu em Araxá e sua história desperta a curiosidade na cidade de Estrela do Sul. O escritor Pedro Divino Rosa conta no livro “Dona Beija”, que a menina Ana nunca estudou mas “a falta das letras não diminuiu sua inteligência”.
Apaixonada pelo fazendeiro Manoel Fernando Sampaio, Ana Jacintha tornou-se sua noiva. O noivo lhe deu o apelido de “Beija” por compará-la à doçura e à beleza da flor “beijo”.
Em 1815, a bela jovem foi raptada pelo ouvidor do Rei, Joaquim Inácio Silveira da Motta, que ficou fascinado com sua beleza.
Por dois anos, Beija viveu como amante do ouvidor na Vila do Paracatu do Príncipe.
Ao retornar a Araxá, ela encontrou um ambiente hostil. A conservadora sociedade local não a via como vítima, mas como uma mulher sedutora de comportamento duvidoso.
Para o escritor Pedro Divino Rosa, a notícia da morte d único homem que Beija realmente amara, transformou sua vida. “Beija caiu em prantos, vestiu-se de luto e trancou-se na casa. Por um ano só saiu à rua para ir à igreja. Ele tinha sido o único homem que a aceitou como ela era, que desafiou todos os costumes da época e assumiu publicamente o romance.”
A morte do amante levou Beija a fechar a Chácara Jatobá, onde recebia os homens e passou a viver na segunda casa, onde cuidava de suas duas filhas.
Roupas e sapatos de Beija podem ser vistos no Museu
O Museu Histórico de Araxá Dona Beija atrai turistas o ano inteiro em um casarão construído no início do século 19, seguindo as características arquitetônicas do período colonial mineiro. Ao longo do tempo, esse casarão serviu de residência no andar superior e, no andar térreo, para um estabelecimento comercial.
Foi criado por Assis Chateaubriand, em 1965, ano em que Araxá comemorou o seu centenário como cidade. Recebeu esse nome em homenagem ao personagem mitológico de Ana Jacintha de São José.
No início era um Museu de Arte e de História. Hoje retrata a história de Araxá, incluindo referências sobre os índios araxás, os colonizadores, os tropeiros e criadores de gado, a descoberta das águas, o universo doméstico e produtivo no século 19, o turismo e Dona Beija.
O acervo é formado por objetos arqueológicos, utensílios domésticos, móveis do século 19, imagens sacras, telas de conhecidos artistas brasileiros e araxaenses, documentos históricos e figurinos. O museu dispõe de uma sala de exposição permanente, no andar térreo, batizada como “Lugar de Memória”. Neste espaço são lembrados vários cidadãos que fizeram a história da cidade por meio de referências pessoais e objetos que identificam suas atuações.
Tem ainda uma sala de multimeios, uma cafeteria e uma loja de produtos artesanais. O prédio do Museu é tombado como patrimônio histórico da cidade.
Garimpo em Estrela do Sul
Em meados de 1853, segundo Pedro Divino Rosa, um cortejo formado por carroças bem talhadas apareceu na subida do Córrego da Onça, povoado de Bagagem (hoje Estrela do Sul). “Uma mulher aparentando riqueza e muito bela comandava o comboio. Era Ana Jachinta de São José que chegava em terras bagageiras”.
Ela passou a morar numa casa grande com uma senzala nos fundos onde ficavam os escravos. “Dona Beija também chegou a tocar garimpo e ganhou muito dinheiro com os diamantes que encontrou”, disse o escritor.
Pouco antes de morrer, dona Beija deixou-se fotografar. Doente, se pôs de pé, apoiada numa cadeira. Em 20 de dezembro de 1873, ela foi enterrada sem caixão, envolta em tecidos de linha, conforme pedira em seu testamento.
Rapto levou o Triângulo a ser mineiro
Para o escritor Pedro Divino Rosa, o rapto da adolescente Ana Jacintha de São José acabou passando para a história como um dos motivos que levaram ao desmembramento do Sertão da Farinha Podre, hoje Triângulo Mineiro, da capitania de Goiás e a sua anexação ao território mineiro.
“O nome Farinha Podre foi batizado assim em referência aos sacos de farinha que os bandeirantes que desbravavam a região deixavam pendurados nos troncos das árvores”, disse o pesquisador. Segundo ele, quando voltavam ao lugar marcado o produto estava apodrecido.
Pedro Divino Rosa conta em seu livro “Dona Beija” que, em 1814, os moradores desta região fizeram um abaixo-assinado a Dom João VI pedindo que a região voltasse para Minas Gerais. Naquela ocasião, o ouvidor Joaquim Ignácio de Oliveira da Motta acabou apoiando os goianos contra o movimento do povo que queria ser mineiro. Seus opositores fizeram então um levantamento da vida do ouvidor e descobriram suas falcatruas, entre elas, a do rapto de uma menina virgem em Araxá.
“Por ter raptado a menor e mandado matar o avô de sua refém, o ouvidor foi denunciado ao governo de Goiás por seus inimigos políticos e corria o risco de perder o posto e ainda ser julgado por seus próprios adversários”, afirmou o escritor.
Segundo ele, para escapar do julgamento, Joaquim Ignácio decidiu apressar a aspiração do povo na região e, em 1816, por um alvará real assinado por Dom João VI, o território conhecido como Sertão da Farinha Podre voltava em definitivo para a capitania mineira.
“Também não houve julgamento”, disse Pedro Divino Rosa. “Um tempo depois Joaquim Ignácio voltaria impune à corte e ainda com o título de benemérito da região. Posteriormente, retornou a Portugal, onde morreu com mais de 80 anos.”